segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Castelo de Cartas

Ele estava perdido, em peças como um puzzle, todas as cartas estavam caídas, completamente baralhadas, peça a peça, carta a carta, ela veio com a maior calma do mundo, paciente como se não houvesse mais nada no Universo, foi juntando uma a uma, empilhando uma a uma, até que o puzzle ficou completo, até que o castelo foi erguido.
A tela do puzzle, a cola do castelo, não era ele, nunca foi. Era ela. Ela que tudo montou, que tudo construiu, ela que perdeu tempo para fazer dele melhor, para fazer dele completo. Ela que perdeu tudo para que ele não se perdesse. Ela que abdicou de tudo. Que deu tempo. Deu sorrisos. Deu felicidade e conselhos. Ela que era a cola do castelo, ela que era a tela do puzzle. Ela que não recebeu nada em troca. Ela que foi embora. Ela que escolheu ser feliz. Partiu em busca da felicidade. Partiu para montar o próprio puzzle. Para construir o próprio castelo. Ela que decidiu perder tempo nela. Ela que pacientemente se vai reconstruir. Porque ela deu tudo. E nada recebeu. Ela merece o Mundo. E ele é Inferno. Ela merece o Céu. E ele é apenas Terra. Ela merece alguém, alguém melhor que ele.
Ele como fica? Ele não interessa.

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